quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ler e escrever na escola

“Quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que estas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim”.(Cecília Meireles).

    Continuamos nossos encontros levantando discussões e reflexões sobre a prática de leitura e escrita na sala de aula. Agora chegando ao final do ano letivo, mesmo sentindo um pouco de cansaço em cada rosto dos alunos pesquisadores, a certeza de que muito aprenderam e que bom que os relatos apontam que também as crianças tiveram aprendizado.
    Nos últimos meses vivenciando o papel de professora orientadora do projeto ler e escrever da prefeitura de São Paulo e lendo muitos relatos na qual eu poderia me tornar uma contadora de histórias, tenho a oportunidade de acompanhar a realidade da rede. Fico com a impressão de que estamos vivendo um excelente momento para renovação.
    Um ensino que por muitos anos esteve a mercê de uma prática descontextualizada começa a dar os primeiros sinais de mudança que permite que a criança experimente, construa o conhecimento, amplie o tempo de concentração num processo gradativo onde cada descoberta passa a servir como instrumento para os desafios seguinte.
    No mês de setembro nossos encontros geraram uma série de discussões em torno dos relatos dos alunos sobre a prática de leitura e escrita na sala de aula. Refletindo com as alunas pesquisadoras em sala de aula, lendo e ouvindo relatos que traziam a boa notícia que a maioria dos alunos já se encontram em hipótese alfabética, fiquei a pensar em qual outra profissão agente pode ter um retorno tão rápido de trabalho, somente quem trabalha com alfabetização sabe o que isso significa, pois nada faz um professor mais feliz do que ver seu aluno lendo. Todos os relatos me deixam ainda mais, com vontade de continuar nesta profissão.Por causa de professores que se importam com seus alunos, que sabe que é importante dar oportunidades, abrir caminhos e principalmente dar exemplos como um ser profissional do magistério.
    Como venho relatando nos meses anteriores é certo que algumas praticas mecânicas e descontextualizadas ainda se mostram presentes nos arredores das salas de alfabetização. Mas como disse aos nossos alunos pesquisadores, se pensarmos bem, em quase todas as situações de nossas vidas agimos de forma mecânica e nem sempre somos capazes de contextualizar tudo. O mais importante é saber que o caminho percorrido até aqui traz ótimos resultados. Nesse sentido o trabalho é mesmo de formiguinha, com certeza aos poucos a grande mudança se mostrará mais presente, pois alguns professores ainda estão em transição, assim como os pequenos estão avançando em suas hipóteses sobre o mundo do ensinar e aprender. Aos poucos eles acabam descobrindo que ler não é só codificar e decodificar palavras é antes de tudo construir sentidos para que se lê.

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