segunda-feira, 12 de abril de 2010

professores apaixonados

Professores apaixonados acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo, apaixonados esquecem a hora do almoço e do jantar, estão preocupados com as múltiplas fontes que de múltiplas formas, debilitam as inteligências. As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é arte de dar contexto a todos os textos. Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados um grau a menos de paixão. E não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
 Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cântigos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, da compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrepeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão.
Mas o professor apaixonado não deixa de ser professor e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro. Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança. Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Os professores apaixonados querem tudo. querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a quimica da realidade, querem traçar o mapa dos tesouros ilusitados.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inesplicavél, bem sei. mas é também indisfarçavél.
Gabriel Perissé

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