domingo, 22 de agosto de 2010

A importancia do brincar na creche e pré escola.



Houve um tempo, em que era extremamente nítida, a separação entre o brincar e o aprender. Os momentos de uma atividade e os momentos de outra eram separados por rígido abismo e não se concebia que fosse possível aprender enquanto se brincava.

Muitos pais acreditam que a “boa escola de educação infantil” é aquela que prepara a criança com exercícios de prontidão. Durante a minha experiência como educadora de educação infantil, tenho me deparado com pais de alunos com esta concepção. Para muitos deles, brincar é perda de tempo, que a escola tem é que preparar a criança para a “escola de verdade”, como se esta já não fosse uma escola de verdade. Assim pensam alguns pais.

Observa-se, por outro lado, que alguns pais acreditam que a escola de educação infantil foi criada somente com o objetivo de brincar, posto que só mais tarde é hora de aprender. Para as crianças, genericamente, trata-se de um ganho. Basta dizer, “vamos brincar”, no lugar de “vamos aprender”, para ver o brilho em cada olhinho, e o sorriso nos lábios, como se estivéssemos propondo algo mágico. Observa-se que isso ocorre em função do triste histórico da educação infantil e a concepção sobre as crianças que era vista como um adulto em miniatura,

É bem certo que estes conceitos estão sendo literalmente superados por tudo, quanto hoje se conhece sobre a mente infantil e não mais, sem dúvida, que é no ato de brincar que toda criança se apropria da realidade imediata, atribuindo-lhe significado. Em outras palavras, jamais se brinca sem aprender e, caso se insista em uma separação, esta poderia ser a de organizar o que se busca ensinar, escolhendo brincadeiras adequadas para que se melhor se aprenda.

A criança utiliza-se das brincadeiras de faz de conta e do jogo simbólico para resolver seus conflitos, compreendendo, através de suas próprias ações, essas situações que já foram ou serão vivenciadas por ela ou por alguém que conheça. Um exemplo da utilização da brincadeira para a resolução de conflitos é uma situação da criança que, após ir ao dentista, ou mesmo antes de ir, brinca de dentista, desde o aplicar da anestesia, até o imitar o som do motorzinho. Brincadeiras como essa possibilitam a criança criar, e reviver, muitas vezes, situações que lhe causam medo, explorando essas situações para compreender momentos difíceis de se enfrentar o que chamamos também de atividades psicomotoras relacional.(FERRONATTO, 2006, P.100).



Entende-se que, simbolizar certas situações e concretizar a ação no ato de brincar, revivendo muitas vezes situações que lhe causam medo, ela passa a compreender momentos que para ela são difíceis.

Mas as brincadeiras são importantes também, para que se observe a criança e ter um quadro de avaliação quanto ao seu desenvolvimento. Por exemplo, quando se pula amarelinha, podemos avaliar uma série de elementos psicomotores. Entre eles a preferência oculo-pedal (lateralidade), a noção de espaço e o equilíbrio.

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. (REFERENCIAL CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO INFANTIL. 1998. V. I P.28).



Entende-se que, a avaliação do processo de desenvolvimento requer um respeito à singularidade de cada criança, considerando todos os aspectos que envolvem o ser como biológico, psicológico e social, limitando suas capacidades, pois ocorre que muitas crianças têm medo de fazer, em função do medo de errar ou de não conseguir.

Deve-se priorizar atividades ao ar livre, nessas atividades, a criança é levada a descobrir o seu corpo e seus movimentos e não é sem razão que a brincadeira representa sólido eixo da proposta educativa de uma boa escola de educação infantil e que ela representa ainda uma ferramenta indispensável para a estimulação do desenvolvimento psicomotor.

O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados.Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis situações, valores atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói e; finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar.(REFERENCIAL CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO INFANTIL. 1998. V.I.P. 28).



Os parâmetros curriculares não deixam dúvidas da importância do brincar, como a utilização de conteúdos sociais, situações que envolvam atitudes e valores no universo social. Mas, sem dúvida, o movimento e o uso do corpo como instrumento de interação com o meio.

Segundo Kishimoto (2001), a brincadeira tradicional infantil, como pular amarelinha, pular corda, esconde-esconde, queimada e entre outros, está filiada ao folclore, ela incorpora a mentalidade popular, mas está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações mais modernas. Sabe-se, apenas que essas práticas estão sendo abandonadas e que é importante resgatá-las nas práticas docentes. Estas brincadeiras são importantes estratégias para estimular o desenvolvimento psicomotor.

É necessário conhecer o papel fundamental das brincadeiras e destinar espaço físico e temporal para que possam sair das propostas pedagógicas em papel e tornar o quanto antes uma ação propriamente dita. Incluir a brincadeira e o jogo na escola tem como pressuposto, incluir o duplo aspecto de servir o desenvolvimento da criança enquanto individuo, e a construção do conhecimento. Esses processos estão ligados um ao outro.

Os educadores devem oferecer à criança oportunidades de brincar, vivenciar e aprender de forma significativa e, sobretudo, que aprendam a ter consciência dos limites do próprio corpo, desenvolvendo aspectos cognitivos e de expressão corporal. A criança necessita ter domínio sobre o esquema motor para, posteriormente, adquirir a linguagem e o movimento como forma de expressão, fato que se encontra intimamente ligado à personalidade. O que somos nada mais é do que frutos de experiências vividas.




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