domingo, 8 de agosto de 2010

Ler e escrever na escola

Escrever é fácil, você começa com letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias.(Pablo Nerruda).
Nos últimos anos, a discussão gerou-se em torno das concepções de alfabetização. Como possibilitar que todos alunos se tornem leitores e escritores competentes?

È bem certo que, no passado, o ensino da lingua e escrita esteve em mãos de profissionais que usavam metodologias de ensino fragmentado, palavras sem contexto que não fazem sentido algum. Como por exemplo, as providas dos métodos das cartilhas.

A tarefa de formar crianças leitoras compromete-nos com a construção de uma escola inclusiva, que promova a aprendizagem dos alunos das camadas mais pobres da população. A condição sócio-econômica não pode mais ser encarada pela escola pública como um obstáculo intransponível que, assim, perversamente reproduz a desigualdade.

Atualmente participo do programa ler e escrever na escola, promovido pela, Secretaria do Estado e Rede municipal de ensino (SME-DOT e SEE), esta experiência, tem me colocado de frente com a realidade das escolas públicas, dirigentes disponibilizam programas para propiciar às nossas crianças a aprendizagem da leitura e escrita no sentido mais amplo e efetivo. Para mim é uma honra participar de um projeto de tamanha importância para mudar às concepções de aprendizagens do passado que, acreditava que, o aluno fosse um ser mecânico, aplicando exercícios repetitivos e descontextualizados.

Lendo relatos de alunas pesquisadoras quase todos os dias, chego a conclusão que o caminho a percorrer ainda é longo e muito há de se fazer para que a escola chegue de fato a ser inclusiva e democrática.

Com relação à aquisição da língua escrita, ocorre que, as famílias que compõem a comunidade escolar da rede pública, em sua maioria, não tiveram acesso a cultura escrita. Isso não apenas torna mais complexa a tarefa da escola de ensinar seus filhos a ler e escrever, como também faz dessa escola um dos poucos espaços sociais em que se pode intervir na busca da qualidade e assim intervir e promover de fato os direitos de igualdade e de cidadania. Saber ler e escrever é um direito de todos e escola hoje, ganha o papel de propor atividades que tenham significado, para que nossas crianças vejam sentido em aprender.

A escola precisa criar um ambiente e propor situações de práticas sociais do uso da escrita às quais os alunos têm acesso para que possam interagir intensamente com os textos dos mais variados gêneros, assim como identificar e refletir sobre seus diferentes usos sociais.

Nos encontros realizados com os alunos pesquisadores tenho me deparado com situações na qual chego a conclusão que, a herança dos métodos tradicionais ainda estão presentes nas práticas pedagógicas e em nossas vidas. Encontramos resistência por parte de muitos profissionais em aplicar na escola, tudo que a ciência tem descoberto com relação ao desenvolvimento cognitivo. Mas a boa notícia é que muito conquistamos.

As cartilhas permearam por muito tempo a alfabetização e de certa forma ainda podemos encontrar vestígios deste ensino fragmentado. Observa-se que entre os alunos pesquisadores ainda existe grande dificuldade de estar em contato com os textos de reflexão e formação indicados pelo programa. Isso ocorre porque eles também foram no passado, vítimas de um ensino fragmentado onde se dava importância somente a decodificação. Por esse motivo criei estratégias metodológicas para que eles pudessem vivenciar as reflexões relacionando-as com situações do dia a dia, não somente com as crianças, mas em diversas situações em suas vidas.
As crianças constroem diferentes idéias sobre a escrita, resolvem problemas e elaboram conceituações. Aí entra o que pode ser considerado uma palavra, com quantas letras ela é escrita e em qual ordem as letras devem ser colocadas. "Essas hipóteses se desenvolvem quando a criança interage com o material escrito e com leitores e escritores que dão informações e interpretam, esse material", conta Regina Câmara, membro da equipe responsável pela elaboração do material do Programa Ler e Escrever e formadora de professores.



Ler não é decifrar, escrever não é copiar. (Emília Ferreiro)






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